Covid-19: As tendências na mobilidade dos portugueses com a pandemia

Desde que foram confirmados os primeiros casos de COVID-19 em Portugal, adotaram-se mudanças no estilo de vida, o que se refletiu nas tendências de mobilidade dos portugueses. A Google preparou um relatório que permite compreender as respostas às orientações do distanciamento social.

Como foram calculados estes dados?

Neste relatório são avaliadas as tendências de mobilidade dos portugueses para diferentes locais e o tempo de permanência nos mesmos. Estes valores foram calculados através dos dados dos utilizadores, anónimos, que tinham ativado o histórico de geolocalização na sua conta Google. Assim, é possível compreender os horários com maior movimento em determinados locais.
Os dados recolhidos de 16 de fevereiro a 29 de março foram comparados, diariamente, com um valor base – com a média calculada no período de 3 janeiro a 6 fevereiro de 2020, ou seja, um período ainda sem casos positivos de COVID-19 em Portugal.
Note-se que estes dados representam uma amostra da população que pode, ou não, ser representativa do comportamento dos demais.

Compras e recreação

Um dos parâmetros avaliados corresponde às tendências na mobilidade dos portugueses para restaurantes, cafés, shoppings, parques temáticos, museus, bibliotecas e cinemas. As primeiras descidas registam-se a partir do dia 8 de março, sendo que entre este dia e o dia 29 de março a redução torna-se claramente acentuada. A nível nacional, a média calculada aponta para uma descida de 83% em comparação com o valor base. A Ilha da Madeira foi onde se sentiu uma maior queda em comparação com o valor base (89%), enquanto Castelo Branco apresentou a menor queda com apenas 81% de diferença face ao valor base. É possível constatar que nas Ilhas dos Açores e Madeira as quedas deram-se mais tarde, uma vez que os casos, nestes locais, surgiram posteriormente. Os dados refletem ainda o encerramento da maioria destes estabelecimentos, o que impossibilita a deslocação dos cidadãos para os mesmos.

Supermercados e farmácias

A descida neste setor é menor uma vez que se tratam de locais que vendem bens de primeira necessidade. A nível nacional, a média aponta para uma diminuição em 59% nas deslocações a estes locais. Nas zonas do interior do país registam-se descidas mais acentuadas em comparação com as grandes cidades. Por exemplo, no distrito de Bragança a descida registada ronda os 66% – ­ mais 7% do que a média nacional.

tendencias-na-mobilidade-dos-portugueses

Espaços públicos

As idas a parques, praias, marinas e jardins públicos diminuíram em cerca de 80% a nível nacional, entre 16 de fevereiro e 29 de março, de acordo com os dados recolhidos pela Google. Esta descida, na maioria dos distritos, é visível sobretudo a partir da data de declaração do Estado de Emergência pelo Governo Português – a 18 de março. Antes da proibição de frequentar estes locais, notava-se uma subida na mobilidade para estes locais – coincidentes com as idas à praia, maioritariamente, na região Sul do país.

Transportes públicos

Esta categoria avalia a afluência nos transportes públicos, como estações de metro, autocarro e comboio. Em Portugal, considera-se uma descida de 78% na procura por transportes públicos, descida essa que se verificou gradual ao longo do tempo.
É possível observar que esta categoria e a seguinte, que concerne a mobilidade para o local de trabalho, têm uma descida de modo similar. Podemos compreender que nos distritos em que há uma menor descida nas deslocações para o local de trabalho também se observa uma menor descida na procura de transportes públicos. Com muitas empresas em teletrabalho, outras em layoff, universidades e escolas fechadas, há uma menor procura por transportes públicos.

Local de trabalho

Aqui são avaliadas as deslocações para os locais de trabalho. Das seis categorias avaliadas pela Google, é a que tem a menor descida. Considera-se uma descida de 53% em território nacional, sendo que a queda é maior a partir do meio do mês de março. Nas regiões do interior do país nota-se uma queda menor neste tipo de deslocações, sendo Beja a que regista uma diminuição menor, com apenas 40% menos de deslocações para locais de trabalho.

Local de residência

A mobilidade para as residências é o único ponto em que existe um aumento – a média apresentada traduz uma subida de 22%. A subida nesta categoria é transversal a todas as regiões em que existiu dados suficientes para contabilizar. A subida decorre a partir do dia 14 de março, data em que se verifica um aumento do número de pessoas em isolamento social. A subida é mais abrupta a partir de 18 de março – data em que foi decretado o Estado de Emergência Nacional. Vila Real foi o distrito com a maior subida face ao valor base. O distrito no Norte de Portugal apresentou 33% de subida na mobilidade para as residências – 11% acima da média. 

A precisão na recolha dos valores anteriormente apresentados varia entre regiões. Por este motivo, não devem ser feitas comparações entre países. A Google lançou estes dados para serem utilizados como fonte auxiliar para as autoridades de saúde pública, facilitando a compreensão das mudanças na mobilidade dos portugueses.

tendencias-na-mobilidade-dos-portugueses

Com a análise destes dados conseguimos perceber que de facto estamos a saber cumprir e cooperar com o nosso Governo, de forma a minimizar a propagação do vírus. A afluência ao local de trabalho foi bem menor o que quer dizer, não só que muitas empresas tiveram de fechar portas temporariamente, mas também,  que várias empresas portuguesas acabaram por optar pela opção de teletrabalho. A equipa da Sanzza está em teletrabalho há várias semanas, e apesar de sentirmos falta de trabalhar todos juntos, esta é a melhor opção para nos protegermos uns aos outros (e aos nossos). Estamos em casa e é com um sentimento de orgulho que vemos tantas empresas a fazer o mesmo.